19/02/2015

EBOOKS vs LIVROS IMPRESSOS


Então tá, mais um bastião da era digital é derrubado. Mais uma "bastilha" do capital cai. A literatura entra no eletrônico. Tá mas e aí? Uma reportagem do Financial Times editada pelo Globo, que sempre bebe nas fontes estrangeiras, explica que as vendas dos livros físicos na verdade AUMENTARAM em 2014, revertendo uma tendência de queda que já vinha há 4 anos senão mais.
Mas então. Além do que é fato, todo o resto é opinião. O que não nos impede de dissertamos. O que acontece? Por que preferimos o livro físico? Por que o livro digital surpreendentemente perdeu espaço? Por que o terror das editoras de uma era do MP3 dos livros não parece que irá se confirmar?
É um assunto controverso, muito difícil de prever exatamente como vai ser, porque ainda não acabou, está acontecendo.
Alguns dirão "ah eu adoro sentir o livro na mão", "eu gosto do cheiro do livro", "o livro de papel eu posso emprestar e o digital não". Estão corretos.
Antes que nos armemos para o embate, temos que ter senso histórico e perceber que não há "guerra" Digital VS Papel. Estamos é em plena era de transição, ou melhor, do surgimento da literatura digital, e um jamais vai excluir o outro, o papel jamais vai ficar obsoleto e o digital jamais vai substituir o papel. Ambos irão coexistir. Esquecendo essa de "x versus y", devemos analisar as vantagens e desvantagens de cada um, tendo em mente que cada formato se adequam melhor em cada situação, e cada situação é mais conveniente de acordo com o caso, mas isso é outro assunto.
Em resumo, cada caso é um caso e ambos têm vantagens e desvantagens. Um complementa o outro, jamais excluem.
Enfim independente de tudo, a diferença mais profunda da literatura para a música, é o tempo que convivemos em contato efetivo com a mídia em questão. Enquanto com a música, aguentamos antes de nos cansar ouvir alguns álbuns (antigamente se dizia CDs ou mais antigo ainda 'discos'), algumas horas de contato e basta. Já o livro torna-se parte de nossa convivência. Dependendo do tamanho do livro, bem mais que isso. Após dias, semanas até meses lendo um Crime e Castigo, Irmãos Karamazov, um Tempo e o Vento, é como se o livro fosse uma companhia, um amigo que compartilhamos alguns dias de nossas vidas. Parece que é o autor a nos acompanhar. Estabelecemos um vínculo, afetivo mesmo, muito mais profundo com o livro do que com qualquer outro tipo de mídia, musical ou cinematográfica.
Chega a ser contraditório na era do descartável as pessoas ansiarem por algo que lhe dê uma convivência mais prolongada. Mas é exatamente por isso que o público mais jovem prefere livro de papel, com seus vampirinhos açucarados, que o 'mommy's porn' aquele do 'cinza' faça tanto sucesso, que Guerra dos Tronos faça renascer o gênero fantástico. Esse mergulho, essa imersão que só o livro, de preferência o de papel dá sem igual.
Enfim, apesar de ser impossível prever como será o futuro, eu pessoalmente aposto na tendência dos dois formatos se acomodarem pois tem mercado para os dois. As vantagens e desvantagens de cada formato é assunto pra um post específico.