22/03/2016

Guillaume de Machault

Guilhaume de Machault oferece-nos uma rara fonte sobre música. Se você é como eu meio viciado em música e que gosta de beber na fonte indo cada vez mais a fundo para descobrir a origem de tudo, vai adorar saber mais sobre ele. Tendo vivido pelos idos do anos 1300, a música ocidental deve muito a ele. Isso por que, dentre os compositores antigos cuja obra restou até nossos dias, ele é o mais antigo a codificar seus poemas musicados. Isso já utilizando a notação de 5 linhas que, com os devidos aperfeiçoamentos, chegou até nossos dias. Permaneceu praticamente esquecido ao longo dos séculos sendo redescoberto no séc XIX e amplamente pesquisado, catalogado e transcrito no seculo XX, com diversas obras suas aparecendo em diversos lugares. Parece até que estavam guardados nos cofres do tempo só esperando que alguém os abrisse. Legou-nos uma vasta obra e a sua biografia, sugiro caso haja interesse, que se dê uma conferida no artigo da Wikipedia que está muito bem escrito. É o medieval mais prolífico tanto em produção  propria como em exegeses.



Observe esse poema musicado com a notação quase idêntica à moderna. Foi escrito há mais 800 anos. Lindo não?

 Faço a devida ressalva moral ao fato que atualmente baixo meus álbuns da internet por dois motivos: 1 Simplesmente não têm no Brasil . 2 Quando por ventura tem, cobra-se preços exorbitantes por eles. Mandar importar... nem se fala, escrevo então sobre este álbum que é o que tive primeiro contato com o compositor.

Reconheço que as vezes o álbum é meio maçante. Mas veja, naquele tempo os principais instrumentos musicais da música erudita sequer haviam sido inventados. O que existia era no máximo versões mais simples deles. Deste modo a voz sozinha, o instrumento musical mais fácil de se obter e usar, era muito forte na musicalidade ocidental. Poemas cantados que por sinal foram herdados diretamente do canto gregoriano. À primeira vista (audição) me pareceu muito música de igreja, mas quando peguei a tradução para inglês para interpretar o que me deparei? Bons e velhos (800 anos de idade hehe) poemas de amor, lindíssimos! Isso no auge do cristianismos medieval! Musica secular em 1300! Vale a pena ter um pouquinho de persistência e escutar (e ler) esses poemas maravilhosos.